Performance Teatral Digital

“De menina, de Menino, ou de Criança?”

A performance teatral digital postada abaixo, é uma expressão das conclusões levantadas após análise de dados de alguns temas que me ensejam ao trabalho no ambiente digital. O primeiro deles circunda na minha área de experiência em artes, o Teatro, enquanto o segundo se refere aos conteúdos digitais direcionados à crianças pequenas.

Após a análise de dados de conteúdos presentes no site de busca Google, e no site de aplicativos para android, Playstore, o que mais me chamou atenção foi a presença de conteúdos exclusivos de acordo com gênero da criança, e a falta de personagens negras nos jogos e aplicativos disponíveis, disseminando assim conteúdos sexistas e preconceitos.

 

Alicerçada nestas observações, me surgiu o questionamento:

 

Por quê há conteúdos separados para meninas e outros para meninos?

 

E principalmente:

 

O que é “coisa de menina” ou “coisa de menino”?

 

Utilizando o teatro digital como expressão dos meus desejos e perguntas, decidi mesclar os conteúdos identificados nos aplicativos e sites com os meus questionamentos.

 

Recolhi as principais imagens dos jogos e aplicativos, bem como as ações que propunham que o usuário realizasse, reproduzindo-as em uma coreografia que performatizava estas ações.

 

Optei por utilizar uma vestimenta neutra, de forma a ressaltar os conteúdos e imagens digitais que passaram a compor a performance durante a edição – por meio do Chroma Key, e como forma de me despir ao máximo de informações que pudessem me caracterizar de acordo com sexo.

 

Dois diálogos que tive durante a semana exemplificam outro aspecto que quis expressar na performance teatral digital, um como uma aluna de 4 anos, outro com minha mãe, de 58 anos. Ao me verem com os cabelos trançados em duas partes, atadas com duas fitas vermelhas, uma aluna identificou-me prontamente como “Marinete”, personagem do desenho animado nipo-franco-coreano “Lady Bug” (2015), enquanto minha mãe de 58 perguntou “Hoje você está de Dorothy?” protagonista do filme “O Mágico de Oz” (1939).

 

Cada uma das duas identificou-me de acordo com as referencias imagéticas trazidas pelos conteúdos midiáticos digitais que refletem seu tempo. Para tanto, servi-me das imagens das personagens trazidas em alguns dos jogos e aplicativos analisados acima, me transformando em cada um deles pela sobreposição das imagens, por compreender que a plástica destes personagens influencia nossa identidade, estabelecendo paradigmas estéticos que influenciam a visão das pessoas sobre si mesmas, e sobre os demais indivíduos ao seu redor. Sem uma educação estética digital crítica, como as crianças que interagem com estes sites e aplicativos compreenderão a si mesmas e aos demais?

 

Neste viés a performance tem como intuito trazer à tona esses questionamentos e reflexões pessoais, bem como evidenciar os produtos que estão sendo consumidos, muitas vezes, acriticamente.

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