Planos de Intervenção Arte/Educativa

Consciente do intento pedagógico arteducativo que me move minha atuação docente com a primeira infância, em articulação com o contexto das crianças me lancei durante a especialização a sistematizar a Planos de Intervenção Arte/Educativa. Intervenção pois que busca intervir significativamente na realidade das crianças de forma a suscitar questionamentos e (re)significar paradigmas, especialmente no que tange aos estereótipos de gênero que perpassam a cultura digital infantil. 

 

1º Plano de intervenção e-Arte/Educativa

Local: Instituto Tecnológico de Goiás em Artes Basileu França (ITEGOABF)

 

Para quem ensinar?

B II – Turma do curso de Arte/Educação, composta por crianças de 5 a 6 anos de idade, no turno matutino.

 

O que ensinar?

Esta intervenção tem como intuito trabalhar com possíveis estereótipos de gênero difundidos socialmente e pelas mídias digitais, que possam estar presentes nas performances das crianças de 5 e 6 anos do curso de Arte/Educação do ITEGO em artes Basileu França.

 

Para que ensinar?

A intervenção tem como intuito despertar a consciência crítica das crianças acerca das gestualidades que compõe suas performances no ambiente escolar, mais especificamente nas aulas de teatro, que podem estar contaminadas por estereótipos machistas de gênero. Esta proposição surgiu a partir de um exercício realizado na primeira aula com a turma, que consistia em realizar um movimento corporal qualquer enquanto dizia as sílabas do seu nome. Durante este exercício foi possível perceber que as crianças que se identificavam como figuras do sexo feminino fizeram movimentos mais sinuosos, alguns provenientes do ballet, enquanto os meninos trouxeram em seus movimentos referencias de lutas e coreografias de clipes do YouTube. Destarte faz-se mister que as crianças se conscientizem das referencias por trás da gestualidade que os compõe, e que, como demonstrou o exercício acima, corrobora para a construção de sua identidade. A partir desta intervenção as crianças poderão questionar as dicotomias de gênero muito difundidas na cultura ocidental, podendo assim se libertar de definições alheias e ter autonomia para se movimentarem independentemente destes padrões.

 

Como ensinar?

Por meio de intervenções performáticas culturais eArte/Educativas, que promovam o q 1ª Intervenção A intervenção realizar-se-á em durante uma aula de teatro com 60 minutos de duração. Iniciaremos com uma conversa inicial sobre o tema da aula para recepção das crianças: posições corporais em cena, seguidos de um breve aquecimento com o brinquedo cantado “Batatinha Frita 1, 2, 3”. Em seguida realizaremos um jogo teatral de estátuas, em que haverá um time que joga e outro que assiste (e viceversa): As crianças que começam atuando estarão distribuídas no espaço da sala, enquanto as outras estarão no espaço reservado a plateia, munidas com duas câmeras fotográficas. Solicitarei que, cada vez que eu soar um apito, as crianças devem fazer uma pose qualquer que desejem, e congelar nesta pose. As crianças da plateia poderão se reversar para fotografar as poses que acharem mais interessantes. Após a troca dos times (entre atores e plateia) que realizarão a mesma atividade, iremos projetar as imagens no computador e questionar cada criança acerca de:

 
  • Qual personagem utilizaria as poses fotografadas?
  • Qual foi a intenção inicial de cada criança ao fazê-la?
  • Por que estas poses foram fotografadas, o que chamou atenção?
  • Quais as referencias midiáticas identificadas nas poses?
  • Qual o nome as crianças dariam às imagens?

O registro das falas seria realizado por meio de gravações de áudio, e se possível de vídeo.

 
 

2ª Encontro

A aula terá início com uma conversa de chegada com as crianças, relembrando as atividades realizadas na última aula de teatro, e conversando sobre o tema da aula atual. O aquecimento seria realizado com o brinquedo cantado “Brasil, infantil, quem mexeu saiu”, que também trabalha com poses congeladas. Nesta segunda intervenção eu levantaria novamente as fotografias retiradas pelas crianças na atividade da aula anterior, unidas às possíveis referencias visuais provenientes de conteúdos midiáticos digitais citados pelas crianças na conversa da aula anterior, identificando se houve consciência destas inspirações. Será exposto também um compilado com as imagens das meninas e meninos, assinalando possíveis padrões que possam estar se estabelecendo em relação ao gênero masculino e feminino. Para finalizar, a partir das percepções que possam ser suscitadas na nova apreciação das imagens, solicitarei às crianças que elaborem uma reconstrução de suas poses, mantendo apenas a intenção inicial do personagem pensado para aquela postura, mas resignificando os possíveis estereótipos de gênero identificados.

 

 

2º Plano de intervenção e-Arte/Educativa

 

Local: Instituto Tecnológico de Goiás em Artes Basileu França (ITEGOABF)

 

Para quem ensinar?

B II – Turma do curso de Arte/Educação, composta por crianças de 5 a 6 anos de idade, no turno matutino.

 

O que ensinar?

Esta intervenção tem como intuito trabalhar com possíveis estereótipos de gênero difundidos socialmente e pelas mídias digitais, que possam e que estas intervenções são apenas um horizonte inicial flexível, que poderá ser reconstruído conforme as percepções da educadora acerca dos questionamentos e desejos das crianças envolvidas.

 

Plano Inicial de Intervenções

1ª Aula

Por meio da realização de jogos dramáticos, observar se as ações cênicas das crianças da turma BII são permeadas por estereótipos de gênero que definem personagens e movimentações específicas.

 

2ª Aula

Promover atividades de movimentação corporal elaboradas pelas crianças, afim de identificar os possíveis estereótipos midiáticos concernentes aos paradigmas de gênero presentes nestas corporeidades. Realizar o registro por meio de fotografias feitas pelas próprias crianças e questioná-los acerca dos personagens que suas poses poderiam representar.

 

3ª Aula

Comparar os registros fotográficos realizados pelas crianças de suas próprias poses e esculturas corporais com suas referencias midiáticas, por meio da comparação de imagens ou de vídeos. Identificar com as crianças se há referencias específicas para meninos ou meninas, por meio da comparação e questionamento, e relembrar os possíveis personagens que as poses representavam. Propor a reconstrução das poses (re)significando estes estereótipos mas mantendo a intenção inicial da construção dos personagens.

 

4ª Aula

Utilizar os personagens reelaborados, e propor que divididos em dois grupos, as crianças elaborem uma cena curta acerca das reflexões suscitadas nas últimas aulas, utilizando os personagens que foram construídos durante as atividades. Apresentar as cenas um para o outro grupo, que poderão avaliar a qualidade estética que perceberam nas cenas, registradas por meio do recurso audiovisual.

 

5º Aula

Reelaborar a cena de acordo com as indicações dos colegas na última aula.

 

 

Referências

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CABRAL, Beatriz Ângela V. Drama como método de ensino. 2ª Ed. São Paulo: Hucitec, 2012.

CUNHA, Fernanda Pereira da. Cultura digital na e-arte/educação: educação digital crítica. 2008. Tese (Doutorado) apresentada à Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo.

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MARTINS, Guaraci da Silva Lopes; ROSSETO, Robson. A construção das identificações de gênero: o fazer e o apreciar pelo ensino de teatro. In: Revista de ensino de teatro Lamparina. EBA/UFMG: v.1, n.2, 2011, p. 66-71.

MARTINS, Guaraci da Silva Lopes. O estudo de gênero: artes cênicas e educação. Disponível em: < http://www.portalabrace.org/vcongresso/textos/pedagogia/Guaraci%20da%20Silva% 20Lopes%20Martins%20-%20O%20ESTUDO%20DE%20GENERO%20ARTES%2 0CENICAS%20E%20EDUCACAO.pdf>. Acesso em: 28 mai. 2018.

RACHEL, Denise Pereira. Cartografando as performances do professor. In: Revista de Investigación: Cuerpo, Cultura y Movimiento. Vol. 5, N.o 2, julio-diciembre, 2015. p. 173-185.

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SILVA, Tomaz Tadeu da (Org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

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