Projeto de Site Pedagógico de Autoaprendizagem

INTRODUÇÃO DO PROJETO DE SITE PEDAGÓGICO DE AUTOAPRENDIZAGEM

Este site pedagógico é direcionado para crianças a partir de 4 anos de idade, suas famílias e professores, e tem como intuito promover processos de autoaprendizagem em teatro, no que tange aos estereótipos e pré-conceitos difundidos em conteúdos midiáticos digitais produzidos para a infância, em especial aqueles relacionados a gêneros.

 

TEMA PROBLEMA

Teatro/Educação Infantil Digital

 

OBJETIVO GERAL

Promover reflexões por meio do teatro/educação acerca de conteúdos digitais consumidos pelas crianças a partir de 4 anos de idade que disseminam estereótipos e pré-conceitos de gênero.

 

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

– Identificar consumos midiáticos apresentados pelas crianças a partir de 4 anos de idade;

– Promover a reflexão acerca destes consumos midiáticos realizados pelas crianças;

– Criar estratégias de identificação dos estereótipos e pré-conceitos de gênero presentes nos consumos midiáticos;

– Criar estratégias de identificação dos estereótipos e pré-conceitos de gênero no cotidiano das crianças a partir de 4 anos;

– Discutir com famílias e professores acerca da presença destes estereótipos no cotidiano das crianças e como isto reflete em seus corpos;

 

– Disponibilizar atividades digitais de crítica e reflexão em teatro para discutir estes temas.

– Realizar a postagem de outros sites, livros e textos que discutam sobre estereótipos de gênero na infância;

– Identificar outros estereótipos e pré-conceitos que possam estar presentes nos consumos midiáticos das crianças;

– Desenvolver coletivamente ações digitais, vídeos e aprendizagens que promovam a reflexão crítica acerca dos consumos midiáticos na infância;

 

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

A sociedade hodierna é permeada pelos ambientes digitais, e com isto aumenta-se o consumo de e-conteúdos. Desenhos digitais, vídeos para crianças, brincadeiras filmadas, jogos online, programas de YouTube, Vlogers! São múltiplas as formas de conexão da criança e, portanto, enquanto famílias, professores e sociedade, não podemos fechar nossos olhos para a cultura digital infantil, e principalmente o que ela vem disseminando.

 

Você sabe o que seus filhos consomem na internet?

Você sabe o que seus alunos consomem na internet?

Você sabe quais são os principais interesses das crianças no ambiente digital?

Você sabe o que estes consumos midiáticos (desenhos, vídeos, jogos) estão ensinando para as crianças?

 

Estas perguntas surgiram juntamente com o trabalho realizado com a educação infantil no Departamento de Educação Infantil da Universidade Federal de Goiás – DEI/CEPAE/UFG, em que percebi a forte influência de filmes, desenhos, vlogs e jogos direcionados para o público infantil em suas brincadeiras, corporeidade e pensamentos cotidianos no ambiente escolar e familiar.

Neste período foi possível perceber que os consumos midiáticos das crianças promoviam estereótipos e pré-conceitos de gênero, separando o comportamento, corporeidade e pensamentos das crianças entre “coisas de menino” e “coisas de menina”.

A falta de reflexão acerca das pluralidades de gêneros na escola dissemina padrões culturais machistas, além de estimularem a sexualização infantil de meninas precocemente, como afirma a professora Gina Vieira em palestra no TEDx Universidade de Brasília (disponível na secção material de apoio – experiências exitosas).

 

JUSTIFICATIVA

A criança enquanto cidadã de direitos e deveres garantidos pela Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente tem, portanto, direito à uma educação que promova a criticidade acerca da cultura em que está inserida, digital e não digital.

Destarte, este projeto de estudo e autoaprendizagem com crianças, famílias e professores aplicado neste site se justifica a medida que promove reflexões e aprendizagens por uma sociedade mais igualitária, em que as ações, vestimentas e pensamentos, etc., não sejam marcados por maniqueísmos sexistas, que apenas promovem o pré-conceito e distanciamento entre os cidadãos.

Atualmente não há pesquisas consistentes acerca da presença destes estereótipos nos conteúdos digitais consumidos pelas crianças a partir da primeira infância, neste viés este site também contribuirá para promover estudos no âmbito do teatro digital, educação infantil, e estereótipos de gênero na primeira infância, bem como alertar famílias e professores sobre o universo cultural digital infantil.

 

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A Doutora Guacira Lopes Louro, professora titular aposentada do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pesquisadora de gênero, sexualidade e educação, fala sobre a potencialidade do teatro de discutir estereótipos difundidos culturalmente, uma vez que promove situações diversas em que atores devem se colocar em papéis e corpos distintos daqueles em que vivem cotidianamente:

É possível afirmar que a ação do fazer teatral é uma atitude de intervenção no cenário da ética, da política e da construção do saber. Quando as pessoas que se reconhecem no terreno de feminilidades e masculinidades de formas diversas das hegemônicas assumem esta condição, elas acabam por interromper a linha de continuidade e de coerência que se supõe natural entre corpo, sexualidade e gênero. (p. 4. 2011)

Como o teatro/educação poderá promover estas reflexões no ambiente digital? Compreendendo que “dada a natureza da metalinguagem no ciberespaço, as obras de arte propostas pelas novas tecnologias proporcionam uma consumação estética metassensória […]” (BARBOSA apud. CUNHA. 2014, p. 4), também a educação que promoverá a criticidade acerca das experiências estéticas digitais também deverá se dar no ambiente digital, pela metalinguagem, definida por Manoel Castells como instância em que discurso audiovisual, oral e escrito estão indissociavelmente imbricados em uma nova linguagem.

 
Cultura Digital
Cultura digital
 
 

“Representação gráfica da Cultura Digital e seus componentes”

Fonte: CUNHA, 2008. p. 201.

Desta forma este site se lança a buscar metodologias digitais, que mesclem linguagem escrita e audiovisual em suas propostas e, portanto, metassensórias, para promover reflexões críticas que se encaminham na contramão de condutas dicotômicas entre feminino e masculino.

Uma das consequências mais significativas da subversão dessa lógica dicotômica, esta que implica uma ideia singular de masculinidade e de feminilidade, encontra-se na possibilidade que se abre para a compreensão e inclusão das múltiplas formas de constituição dos sujeitos, nos variados espaços sociais, em especial na organização e no cotidiano escolar. (LOURO, p. 4. 2011)

Faz-se nevrálgico discutirmos desde o princípio da formação do ser humano as identidades hegemônicas que determinam metodologias educativas sexistas.

Portanto, muito mais do que um sujeito, o que passa a ser questionado é toda uma noção de cultura, ciência, arte, ética, estética, educação, que, associada a esta identidade, vem usufruindo, ao longo dos tempos, de um modo praticamente inabalável, a posição privilegiada em torno da qual tudo mais gravita. (LOURO, p. 43. 2010)

Ao questionarmos a identidade hegemônica, questionamos também a cultura, a ciência, a arte, e principalmente a história, que vem privilegiando em seus registros que nos constituem apenas certas narrativas.

É preciso nos conscientizarmos nas nossas propostas pedagógicas de que as determinações de gênero demarcadas socialmente não são naturais, mas construções socioculturais que podem ser remodeladas em prol de um mundo plural, mais flexível e igualitário, composto de múltiplas histórias, e não apenas de uma.

 

METODOLOGIA

Como? Por meio de vídeo aulas, diálogos com os adultos responsáveis, sites e conteúdos relacionados e principalmente atividades digitais promovidas no site.

Com quê? Com as crianças, famílias, professores, que utilizaram ferramentas disponibilizadas no site, dentre elas os consumos digitais elencados pelas crianças!

Onde fazer? Por meio deste site.

Quanto? Quantas vezes as crianças tiverem interesse! Ou enquanto avaliarem que ainda necessitam aprender sobre isto.

Quando? Agora.

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

ANDRADE, Ivan Artur Miranda de. Teatro vs. Game: o drama gamificado. 2013. Dissertação (Mestrado) apresentada à Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo.

 

BARBOSA. Ana Mae. Arte Educação no Brasil: do modernismo ao pós-modernismo. Revista Digital Art& – N. 0. Out. 2013. Disponível em: <htttp://www.revista.art.br/>.

 

BUTLER, Judith. Atos corporais subversivos. In: Problemas de gênero: feminismo e subversãoo da identidade. Trad. Renato Aguiar. 4 ed. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2012. P. 17-60 e 121-215.

 

CABRAL, Beatriz Ângela V. Drama como método de ensino. 2ª Ed. São Paulo: Hucitec, 2012.

 

CUNHA, Fernanda Pereira da. Cultura digital na e-arte/educação: educação digital crítica. 2008. Tese (Doutorado) apresentada à Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo.

 

______. E-Arte/Educação Crítica. São Paulo: Editora Annablume, 2012.

 

______. Performances culturais e-arte-educativas: Do e-laissez-faire à Educação Digital Crítica. Inter-Ação, Goiânia, v. 39, n. 1, jan./abr. 2014.

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 54 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2013.

 

______. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.

 

GOHN, Daniel Marcondes. Autoaprendizagem musical: alternativas tecnológicas. 2002. Tese (Doutorado) apresentada à Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo.

 

LOURO, Guacira Lopes. Gênero e sexualidade: pedagogias contemporâneas. In: Pro-Posições, v. 19, n. 2 (56) – maio/ago. 2008, p. 17-23.

 

MARTINS, Guaraci da Silva Lopes; ROSSETO, Robson. A construção das identificações de gênero: o fazer e o apreciar pelo ensino de teatro. In: Revista de ensino de teatro Lamparina. EBA/UFMG: v.1, n.2, 2011, p. 66-71.

 

MARTINS, Guaraci da Silva Lopes. O estudo de gênero: artes cênicas e educação. Disponível em: < http://www.portalabrace.org/vcongresso/textos/pedagogia/Guaraci%20da%20Silva%20Lopes%20Martins%20-%20O%20ESTUDO%20DE%20GENERO%20ARTES%20CENICAS%20E%20EDUCACAO.pdf>. Acesso em: 28 mai. 2018.

 

NAVARRO, Gabrielle. Gamificação: a transformação do conceito do termo jogo no contexto da pós-modernidade. 2013. Trabalho de conclusão de curso (Especialização) apresentada à Escola de Comunicações e Artes. São Paulo: Universidade de São Paulo.

 

RACHEL, Denise Pereira. Cartografando as performances do professor. In: Revista de Investigación: Cuerpo, Cultura y Movimiento. Vol. 5, N.o 2, julio-diciembre, 2015. p. 173-185.

 

SCHECHNER, Richard. What is performance?. Trad. R. L. Almeida. In: Performance Studies: an introduction. Second edition. New York & Londres: Routledge, abr. 2011. p. 28-51.

 

SILVA, Tomaz Tadeu da (Org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

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