Material: Vídeo-dança
Nome: Brisa
Produtor: Fernando Canhete
Performers: Letícia Ferreira (dança) e Rodrigo Oliveira (violão)
Composição: Rodrigo Oliveira
Duração: 4’45”
Análise
A obra de arte “Brisa” é um vídeo dança goianiense que partiu da composição musical em violão de Rodrigo Oliveira, que percebida pelo olhar sensível da dançarina Letícia Ferreira, surge como uma nova obra nas mãos de Fernando Canhete, produtor do vídeo.
O vídeo foi intitulado pelos seus autores como uma vídeo-dança, mas do meu ponto de vista o termo restringe a obra à apenas duas das três linguagens artísticas que a compõe, excluindo o carácter imprescindível da música. Fica bem claro a composição entre a dança, música e a tecnologia de filmagem e edição, uma vez que esta obra não poderia ser apresentada ao vivo, pois assim perderia seu caráter composicional integral, enquanto obra de arte híbrida.
Pedro Bernardino no texto “Arte e tecnologia: intersecções” fala sobre o conceito deleuziano de rizoma, em que multiconexões se estabelecem em um caracter horizontal, mesclando e fazendo surgir diferentes possibilidades. A integralidade das tecnologias e a participação de outras pessoas por meio de comentários na plataforma disponibilizada, fazem do youtube uma plataforma rizomática, da qual a vídeo dança passa a fazer parte, se integrando à “cultura de mobilidade” presente na internet, como escreve Lúcia Santaella.
Neste sentido, a referida vídeo-dança gravada no antigo palco de arena (foi queimado a cerca de um ano) do Parque Areião, em Goiânia, nos mostra a leveza da brisa, que pode ser sentida nos movimentos da dançarina, em composição com um espaço aberto e ao mesmo tempo editado por programas que alteram as relações entre tempo e espaço, e que são permeadas pelas cordas do violão e o som de um vento passando, e dos passarinhos que também compõe a música da obra final.
As escrituras no princípio também compõe o vídeo, visto que a escolha estética destes dizeres também revela um significado. Interessante analisar como a fonte usada para este título traz um peso que difere dos significados comuns de leveza da palavra, mas faz relação com a angústia presente na performance. Outra relação de imbricação entre a forma e conteúdo se mostra quando o som pendular realizado na música em concomitância com o pêndulo no movimento de dança (1’50”).